Like Poison Ivy Growing

Hoje queria começar dizendo o quanto tenho medo de te perder, de perder a gente. 

Anseio pra que seja apenas as vozes das minhas inseguranças do passado, das relações fracassadas em que jurei ter encontrado aquele com quem partilharia a vida, éramos exemplo de amores eternos e símbolo de uma relação de amor eterno até descobrir que tudo era um emaranhando de mentiras, traições e abusos. 


Não entenda mal, longe de mim comparar o que construímos com a mirage do que eu achei ser água no deserto, mas espero que entenda que feridas ainda existem por aqui, que mesmo algumas tendo sido curadas com o tempo, outras ainda ressoam no peito. 


Temo por um dia você acordar e talvez vê o que ele viu em mim (de errado) e não queira mais ficar, temo em me apegar, de ficar, de te admirar e de repente tudo ruir como já acontecerá. Temo reviver uma história diferente, porém semelhante. De certo modo, ressoa a insegurança de um dia você acordar e querer ir embora por não sentir mais amor, por mim, por nós. Assim como aconteceu em um passado tão nosso, mas existente na nossa história.


Entenda que com você me sinto segura, você me faz sentir amada, vista e admirada. Nessa busca da vida adulta, seria fácil nos perder, mas percebo o quanto resistimos em nos escolhermos todos os dias, todos os dias eu volto pra você e descubro uma nova forma de te amar, te enxergar. 


Contudo, a insegurança grita, vibra aqui no peito. Não sei de onde ela vem o por que ela vem, mas ela chega e estremece tudo aqui dentro, me diminui e me compacta: traída, roubada de mim ou não mais amada. Receio me culpar mais uma vez se uma dessas coisas acontecerem e me sentenciar eternamente como sendo eu o problema. 


Me coloco aqui, vulnerável perante a ti, pra lhe dizer que por mais que todas essas coisas me corroam o peito, o que mais almejo em nós é a sinceridade seja a oportunidade de ouvir uma confissão, a chance de tentar fazer diferente ou a despedida de irmos enquanto nós amamos. Eu só quero a chance de falar sobre as ervas daninhas crescente em mim, para que eu possa poda-las e não mais alimentá-las. 


Quero a chance de voltar a ti, e ir contra todos os meus instintos de fuga antes de ser machucada. Porque eu tenho a certeza de que o que temos, é nosso e não é fácil de encontrar porque não há outro você e não haverá outra eu, e muito menos o nosso nó(s). 



 Pare de criar raízes na minha terra dos sonhos

Minha casa de pedra, sua hera cresce

E agora estou coberto de você.


                                                                  

                                                                 - Tayane Sabádo


New Years Day


   Enfim, parando pra refletir e balancear o ano que passou. Foram 12 meses, e posso dizer que 365 dias intensos que esse ano trouxe, tanta coisa aconteceu em tão curto espaço de tempo que a sensação é que alguns fatos ocorreram a muitos anos atrás. Um ano intenso, certamente foi aqui, em 2018, que aprendi a olhar mais pra dentro de mim, dizendo até que saúde mental e livramento de relações toxicas foram a minha palavra de ordem desse ano e coloquei em pratica, deixei de lado o que consumia minha energia e aprendi a dizer não e me dá o tempo que precisava quando meu psicológico clamava por atenção, não quer dizer deixar os outros na mão, mas só aprender a respeitar o seu tempo e saber quando você precisa dele pra você mesmo.
   Deixei algumas amizades de lado, mas também me reaproximei daquelas que eu sentia falta e sei o quanto fazem bem, aprendi também que família também pode ser toxica, e que ta tudo bem se afastar dela se lhe causa desconforto. Priorizar a minha saúde mental e apreciar a minha própria companhia, ganharam forma na minha vida esse ano, e como é bom se levar pra passear, ir ao cinema e tomar um café, aprender a se enxergar em meio ao caos é uma das melhores coisas pra se fazer, essa foi minha maior lição.

   2018, também me fez conhecer o amor em suas várias formas, algumas delas desajustas, outras meio bambas e achando que talvez seja o que a gente merece, e uma outra que chegou e surpreendeu, e ta tudo bem, afinal, amadurecer requer conhecer varias erros e acertos. 2018, me fez enxergar muita coisa, abrir os olhos pro mundo e não conseguir mais fechar em meio a tanta coisa que precisava ser vista, desde perceber que o mundo ainda mergulha no preconceito, que a vida marinha precisa de ajuda, que a terra precisa que gritem por ela, que tanta gente precisa que a gente grite porque sua voz não pode ser ouvida, mas também abri os olhos pra garra que tem no mundo a fora, de que sua luta não é só sua, basta olhar pro lado e perceber que não se está só, e que por isso vale a pena lutar e não se calar "ninguém solta a mão de ninguém".
   Tendo drenado as pessoas tóxicas, acabei percebendo que as que ficaram são maravilhosas e notando o quanto cada uma delas é linda em sua essência, e sendo assim a vida se encarregou de por no caminho outras tantas que a gente pretende carregar pra vida. Apesar das maravilhas internas, e das guerras internas vencidas, foi o ano que meu monstro ansioso ganhou forma e resolveu despertar de uma forma quase que destroçante, mas que ter a família do lado me ajudou a ver que ta tudo bem falar sobre seus monstros, e como ele tenta te dominar, te afogar. Que falar das suas fraquezas não te deixa vulnerável e sim mais forte. Ainda é uma luta constante, mas hoje vejo que não luto só. E pro ano que vem, com 365 novas oportunidades, desejo afetividade como palavra de ordem, afinal pode até ser que sejam tempos sombrios, mas com afeto e uma colher de açúcar tudo pode ganhar um novo rumo.



FELIZ ANO NOVO, 2019



Tayane Sabádo   

Wear you like a necklace



   Talvez não sejamos aquele tipo de casal em que as pessoas olham e digam "vocês combinam", mas somos o tipo que se encaixa no beijo, no toque, na forma de pensar, no falar e até no agir. Somos o tipo que antecipa o que o outro vai dizer antes de dizer e até mesmo sabe como vai reagir, e a melhor parte é que ele consegue me conhecer melhor do que eu mesma, ele me enxerga como nunca antes havia conhecido, ele vê meus demônios e não se assusta, fica e me ensina a enfrenta-los. Somos aquele casal que deixa pra ser um casal quando estão na companhia um do outro quando não há ninguém pra ver, entre quatro paredes, mas fora delas vivem suas vidas individuais, mas sem soltar as mãos e troca carinho de dedo enquanto isso. De fora parecemos completamente opostos, e a gente pode até dar errado mas antes disso vamos fazer tanto pra dar certo que o errado vai passar a ser apenas uma aposta dos que não nos conhecem e por mais que a vida pareça ser uma tragédia sem fim, basta ele me colocar no colo, pegar seu violão e tocar pra mim que todos os problemas se dissolvem e me concentro nele, na galaxia inteira que ele é e talvez nem saiba, em nós e o quanto a gente pode ser feliz, afinal com ele até as coisas sem sentido começaram a fazer sentido, todas as canções de amor que antes ouvia e passaram despercebida quero dedicar a ele, até anavitória passou a ter outro significado quando ele chegou e traduziu tudo o que passei a sentir "Encontro lar no perfume da tua nuca, na curva do teu ombro e no teu respirar. Nas tuas pernas, nas mãos, teu cabelo e no cheiro do beijo...que faz tu grudar. Me prova, me enxerga, me sinta, me cheira e se deixa em mim. Me escuta no pé do ouvido, todos teus sentidos que afetam os meus, que querem te ter que tu me escreveu e mais uma vez...me bordou".
   A gente pode até ser meio torto, desajustado e desalinhado, podemos não fazer sentido nenhum, mas nas coisas do coração até o que não parece ter razão em um dado momento passam a fazer sentido, e quer saber... as coisas certas, alinhadas e predestinadas não tem o ato eufórico e emocionante do completo caos e do acaso da vida, que nos mostram que estar vivo é sair dos trilhos e viver intensamente, é se jogar do alto de um penhasco sem se preocupar com a profundidade do oceano, é apenas acreditar que mesmo que não faça sentido um dia tudo se encaixa.
   Somos o casal que quanto mais se conhece, mais se assusta pelas semelhanças apesar das diferenças, e o quanto nossas diferenças nos encaixam ao invés de afastar. O quanto queremos dar certo e a gente faz dar certo sem esforço algum, somos até mesmo aquele casal clichê que foi devagar demais nas outras vidas antes de se esbarrar que mesmo que achem o quão estranhamente rápido a gente aconteceu, achamos normal como tudo simplesmente se encaixou, por ser a gente. Somos o tipico fomos" amigos antes, não imaginamos acontecer até que um olhamos um pro outro de forma diferente e nos perguntamos 'por quê não?' " e até o dado momento, antes do primeiro beijo, mil dúvidas vagavam e ecoavam nos pensamentos até que ao sentir um ao outro, elas cessaram e as certezas começaram a ganhar forma e mesmo com todas as cicatrizes e traumas, decidimos ficar e ajudar um ao outro a aceita-las, supera-las e permanecer, apesar de tudo, mesmo com caos que tá o mundo lá fora, sermos as águas tranquilas um do outro.
   E isso tudo, pelo curioso fato, dele não ter barreiras. Ele simplesmente chegou, sentou e pediu cafuné e dali não quis mais sair, mesmo com todos os muros que tinha construído em volta de mim, ele permaneceu e foi abrindo caminho por cada um deles. E mesmo quando novos muros surgiam, ele pacientemente esperava, esperava e esperava até saber o momento certo de me desarmar e adentrar sem receio nenhum, sem pudor nenhum, até se instalar e declarar que de lá só sairia caso eu não o quisesse ali, e foi desse jeito que percebi que queria, queria que ali ele fizesse morada o tempo que fosse necessário, mas peço que seja não o tempo de passar um café, ou de uma velha canção de amor, mas o tempo de ser tempo. O tempo sem tempo, tão sem tempo que se torne, quem sabe, eterno.



 "Eu nunca vi ninguém fazer tanto barulho num só coração [...]
Quando vi, já veio sim, tomou parte de mim, 
levou embora o meu pesar. Teu ver me encanta, enfim. 
Canta perto de mim, tua voz amansa o teu olhar. "


Tayane Sabádo