Amor sem Onde

  
  Estamos vivendo na era do desapego, dos joguinhos, do que vence aquele que se importa menos, do que é calculista e precede todos os passos. Na verdade estamos nos tornando pessoas vazias e frias. Com a descoberta de que o tal príncipe encantado não virá em um cavalo branco, nos desprendemos do romantismo e vivemos o imediatismos, o modernismo, o agora. Não que seja errado, presenciar o agora, mas acreditem relações superficiais tem um prazo. Gosto de me aprofundar, de mergulhar e até mesmo me afogar.

   Não me sinto mais com 15 anos pros joguinhos românticos, mas o problema é que os joguinhos aos quinze anos eram simples: bastava ignorar na escola, falar um oi e esperar ele falar com você. Hoje em dia, aos vinte e tantos os joguinhos evoluíram e começaram a ter regras: mandar bom dia, se ele tiver mandado no dia anterior, responder 2h depois se ele respondeu 2h depois, convidar pra sair só se ele der abertura, sexo? se for no primeiro encontro ele some. Não me encaixo nessa regrinha medíocre do jogo da sedução.

   Quero pessoas inteiras e verdadeiras, simples sem complicações e sem muito rodeio. Chama pra sair. Manda mensagem. Manda áudio. Liga. Pergunta do meu dia. Amar se ver, se ter. Como nos filmes de comedia romântica, onde tudo é tão BOOOM! aconteceu: Ela saiu. Encontro com ele. Se conhecem. Chamam pra sair. 1 2 3 encontro. Se permitem. O que nos deu de não se permitir? De se limitar, de ir atrás de quem interessa e nem dar a chance pra pessoa de vocês se conhecerem. Bloquear qualquer tipo de reação, de sentimento. 

   Sinceridade, é tão bom. Conversar e dizer o que você sente. O que você pretende. Hoje temos medos dessas conversas "tensas", em que descobrimos a intenção um do outro. Talvez a pessoa esteja a procura de alguém pra dividir a vida ou por um sexo sem compromisso ou por um carinho gostoso ou um amor de verão. Sabe, aquele pedir a mão sem nada em troca. Tá que não é sempre que se encontra alguém que te faça bem e faz passar o temporal, mas se você não se permitir não saberás.
    
   Mas a era do encobrir, não sentir, não deixar saber, é tão mais confortável. Só esqueceram de avisar que é solitária. Afinal no fim do dia voltas pra casa e não tens ninguém pra contar de ti, do compartilhar o nós e vive-lo. Só quero a chance de ser quem eu quero e quem eu sou, sem o julgamento do ser grudenta, desesperada, da stalker, dá que dá no primeiro encontro então não é pra casar.

   Chega também do papo "não estou procurando nada sério no momento" do "acabei um relacionamento e não tô querendo me envolver" do "não penso em casamento, quero curtir o agora". Acreditem! não somos bobas, sabemos que essas frases significam o tal: te acho bonita, interessante mas não quero nada além de "te conhecer melhor". Chega e fala a verdade, sem esse conto de fadas todo, porque se você não quer se envolver não saía com ninguém. Se é só um rolo, um vamos nos ver quando der, fala. Mas não caia na idiotice de enrolar meses e não dizer o que acontece pra depois aparecer namorando e casado (sim, isso realmente aconteceu com alguém próximo a mim).
   Eu só quero o leve da vida, um amor gostoso de domingo à toa, um abraço casa, um sorriso gostosa pra preencher a semana entendiante. Só quero o se permitir sem julgamentos, sem joguinhos. O simples se conhecer e viver isso. Gosto do se envolver, andar de mãos dadas. De me desmanchar com teu sorriso bobo.

"Já fui embora e me reconheci de volta e me reaprendi e me aprendi de novo"

Tayane Sabádo   
   

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