Any Colour You Like...

   
   Algum tempo se passou... pouco na verdade, mas talvez o suficiente pra que eu comece a me acostumar com tua ausência. Os diários e simples, mas significantes bom dia, boa noite e como foi o seu dia? já se tornaram apenas uma lembrança de um tempo bom. A dor já não está mais tão sufocante, o que me dava o receio de afogar-me nela, não que tenha deixado de te sentir em mim apenas se tornou algo fixo, que aprender a conviver se torna tão mais amigável do que lutar contra o inimigo.

   Já consigo dizer seu nome sem pesar, já consigo ouvir algumas bandas que você me apresentou, mas não todas... Algumas ainda trazem a tona o que tento manter bem submerso. Já consigo conviver com o ciclo de amizade que você me apresentou sem me sentir deslocada e inconveniente. Já lembro de você como algo que foi a melhor coisa que entrou na minha vida, nos últimos dois anos. Já consigo aceitar que acabou, já fiz meu coração entender que ele está amando sozinho e que se assim ele quiser tudo bem, mas se ele quiser recomeçar ou tirar um ano sabático, também não haverá problemas. Ele ainda não decidiu o que ele deseja, mas sei que ele não vai desistir de sentir amor, e isso me basta e me reconforta.
   Mas também confesso que muitas coisas ainda são difíceis de assimilar, as evito porque sei que despertarão a dor que está ainda cicatrizando, mas me permito sentir quando necessário. Aprendi que sentir é a melhor coisa do mundo e que faz você ser o que é e se tornar um ser humano melhor. Então não me podo, quando tenho que sentir...apenas sinto. 

    Todas as coisas que gostaria de poder te dizer, de todas as coisas que um dia te disse e te jurei, te confesso que elas continuam sendo verdades e não me envergonho disso, não me envergonho em dizer que despertas as melhores coisas em mim, que me ensinastes a ver a vida de um forma tão melhor que apesar das dores, ela continua sendo linda. Que pra mim não mais me importa se a vida deveria ser um conto de fadas, como todos os encantos e cores ou um simples filme clássico em preto e branco e sem som, ela é maravilhosa de qualquer forma que eu escolha. Você consegue estimular meu lado mais maduro (obrigada por isso), confesso também que você é, era e (talvez) sempre será a minha inspiração para os meus textos. Tenho tanto o que escrever, mas começo a aceitar que algumas coisas devem ser mantidas só pra mim, preciso te deixar livre, preciso deixar que vivas o teu caminho. Espero que um dia a vida se encarregue de nos colocar frente a frente, fazer nos lembrar de que um dia tivemos um ao outro e que por muito tempo isso bastou. Seja feliz...espero que você esteja bem.

   Na minha guerra contra o te deixar ir, se tornou lucida as três fases deste ciclo: 1. O Entendimento: você compreende que algo está acontecendo, ainda está tentando notar o que, mas entende que algo precisa ser feito; 2. A Negação: você tenta lutar com todas as suas forças de que algo possa ter chegado ao fim. Tenta alimentar esperanças, manter contato. Chorar é o que você mais sabe fazer, além de ter responder perguntas sem respostas. - essa sem dúvida é a mais longa etapa, e parece que não findará nunca- 3. A Aceitação: você aceita que não vai ter mais volta, começa a aceitar o fim, todos os seus sentimentos, o luto e a dor. E consegue conviver com isso... O que parece mais uma reabilitação para corações partidos, -talvez seja isso mesmo- afinal o amor é um vicio e quanto mais se prova dele, mais você se doa e tem a necessidade de mais.
   Mais sei que nesse vicio, no se embebedar de amor não estou só...aos corações partidos, aos românticos incuráveis e apreciadores de uma paixão intensa, ouso dizer que o tempo não cura nada, - ao contrário do que muitos dizem por ai- o tempo apenas torna mais fácil você conviver com o sentimento de perda, o coração não se inteirará de novo, cada novo amor e cada nova perda deixa uma cicatriz umas mais profundas- quase que enraizadas- outras mais superficiais, como arranhões. Mas isso não significa algo de péssimo gosto, aceitei como amadurecimento e aprendi com cada amor, cada perda e cada cicatriz, são elas que me fazem mais forte, mais segura, mais confiante.
   Só peço que aos que estão desiludidos com o amor, não deixe de amar por medo de uma nova cicatriz, um novo luto. Este é o ciclo da vida, acredite que cada fase te prepara para seu autoconhecimento e pra pessoa que será destinada a você. Todos merecem ser feliz!


Tayane Sabádo

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