Um olhar vale mais do que mil palavras


    Hoje, vendo uma série americana conhecida por ter um grupo de amigos que se reúnem com frequência em uma cafeteria, um dos episódios me fez refletir sobre coisas que as vezes dizemos sem a vontade de fato de dize-las, ou pior ainda sem de fato senti-las, apenas por mera conveniência social ou por acharmos que talvez seja o que o outro gostaria de ouvir, mas esquecemos de pensar no que sentimos, além de não levarmos em consideração o quanto a "conveniência social" pode machucar ou outro, por no final ter tido suas expectativas roubadas.

     O velho e clássico "vamos marcar" ou ainda o "eu ligo pra você.. vamos nos falando", sabemos que de fato nenhuma das investidas irão ganhar forma e mesmo assim as usamos. Quero dizer... quantas pessoas você deixou na expectativa para lhe ver, ou para um encontro ou quem sabe o segundo apenas pela sua investidas de "conveniência social", claro que esses são os exemplos mais clichês que me utilizei para fazer entender o meu ponto de vista, mas aqui entram outras questões como o tão esperado e ultimamente banais "Eu te amo!", dito algumas vezes apenas porque o outro disse e precisa ser retribuído, mas você ainda não o sente. O que eu quero dizer é que não deveríamos omitir sentimentos e verdades pelo simples fato de não querer machucar o outro, quando que o fingir certamente resultará em uma catástrofe quando descobrir-se que não passaram apenas de palavras proferidas sem nenhuma intenção real.
     "Ainda vamos casar", "você é a mulher/homem da minha vida", "você é tudo o que procurei em alguém", "quero algo sério"... Já ouvimos tantas vezes, claro que algumas delas ditas de forma verdadeiras e sentidas, mesmo que as pessoas não estejam mais juntas, mas tantas outras vezes foram apenas para balbuciar palavras que tomassem formas bonitas e alcancem algo em troca, ou simplesmente pelas conveniências sociais.

     O mundo certamente seria melhor se palavras fossem pronunciadas somente quando realmente sentidas, o eu te amo, é a mais fácil de ser dita e incrivelmente o sentimento mais intenso banalizado tão brutalmente... 
     Amar é quando o sentir não cabe no peito e arde pra sair; é quando você vê os defeitos do outro e os entende, porque você também tem os seus; Amar é quando o outro ama café e você cappuccino, e ta tudo bem; é quando você olha pro lado e por mais que se imagine sem aquela pessoa, você prefere estar com ela porque com ela tudo fica melhor; Amar é ter a certeza de que mesmo a pessoa indo embora, o sentimento permanece e tudo o que você deseja é felicidade, mesmo que não seja com você. O "eu te amo" carrega todo esse ensinamento ao proferirmos e mesmo assim dizemos com tanta facilidade quanto pedir um sonho na padaria.

     Precisamos medir mais nossas palavras e o quanto elas podem significar para o outro. Palavras deveriam ter o mesmo apreço que comportamento, afinal nosso comportamento não consegue esconder o que realmente sentimos, diferente das palavras que nos colocamos atrás delas independente se as dominamos ou não, o problema é que o comportamento não é fácil de ser decifrado ou até seja, mas preferimos acreditar na doce ilusão das palavras ditas ao invés da crua realidade do que é demonstrado, e infelizmente esquecemos de que nem sempre o que foi dito é realmente sentido.  



Tayane Sabádo

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