Wear you like a necklace



   Talvez não sejamos aquele tipo de casal em que as pessoas olham e digam "vocês combinam", mas somos o tipo que se encaixa no beijo, no toque, na forma de pensar, no falar e até no agir. Somos o tipo que antecipa o que o outro vai dizer antes de dizer e até mesmo sabe como vai reagir, e a melhor parte é que ele consegue me conhecer melhor do que eu mesma, ele me enxerga como nunca antes havia conhecido, ele vê meus demônios e não se assusta, fica e me ensina a enfrenta-los. Somos aquele casal que deixa pra ser um casal quando estão na companhia um do outro quando não há ninguém pra ver, entre quatro paredes, mas fora delas vivem suas vidas individuais, mas sem soltar as mãos e troca carinho de dedo enquanto isso. De fora parecemos completamente opostos, e a gente pode até dar errado mas antes disso vamos fazer tanto pra dar certo que o errado vai passar a ser apenas uma aposta dos que não nos conhecem e por mais que a vida pareça ser uma tragédia sem fim, basta ele me colocar no colo, pegar seu violão e tocar pra mim que todos os problemas se dissolvem e me concentro nele, na galaxia inteira que ele é e talvez nem saiba, em nós e o quanto a gente pode ser feliz, afinal com ele até as coisas sem sentido começaram a fazer sentido, todas as canções de amor que antes ouvia e passaram despercebida quero dedicar a ele, até anavitória passou a ter outro significado quando ele chegou e traduziu tudo o que passei a sentir "Encontro lar no perfume da tua nuca, na curva do teu ombro e no teu respirar. Nas tuas pernas, nas mãos, teu cabelo e no cheiro do beijo...que faz tu grudar. Me prova, me enxerga, me sinta, me cheira e se deixa em mim. Me escuta no pé do ouvido, todos teus sentidos que afetam os meus, que querem te ter que tu me escreveu e mais uma vez...me bordou".
   A gente pode até ser meio torto, desajustado e desalinhado, podemos não fazer sentido nenhum, mas nas coisas do coração até o que não parece ter razão em um dado momento passam a fazer sentido, e quer saber... as coisas certas, alinhadas e predestinadas não tem o ato eufórico e emocionante do completo caos e do acaso da vida, que nos mostram que estar vivo é sair dos trilhos e viver intensamente, é se jogar do alto de um penhasco sem se preocupar com a profundidade do oceano, é apenas acreditar que mesmo que não faça sentido um dia tudo se encaixa.
   Somos o casal que quanto mais se conhece, mais se assusta pelas semelhanças apesar das diferenças, e o quanto nossas diferenças nos encaixam ao invés de afastar. O quanto queremos dar certo e a gente faz dar certo sem esforço algum, somos até mesmo aquele casal clichê que foi devagar demais nas outras vidas antes de se esbarrar que mesmo que achem o quão estranhamente rápido a gente aconteceu, achamos normal como tudo simplesmente se encaixou, por ser a gente. Somos o tipico fomos" amigos antes, não imaginamos acontecer até que um olhamos um pro outro de forma diferente e nos perguntamos 'por quê não?' " e até o dado momento, antes do primeiro beijo, mil dúvidas vagavam e ecoavam nos pensamentos até que ao sentir um ao outro, elas cessaram e as certezas começaram a ganhar forma e mesmo com todas as cicatrizes e traumas, decidimos ficar e ajudar um ao outro a aceita-las, supera-las e permanecer, apesar de tudo, mesmo com caos que tá o mundo lá fora, sermos as águas tranquilas um do outro.
   E isso tudo, pelo curioso fato, dele não ter barreiras. Ele simplesmente chegou, sentou e pediu cafuné e dali não quis mais sair, mesmo com todos os muros que tinha construído em volta de mim, ele permaneceu e foi abrindo caminho por cada um deles. E mesmo quando novos muros surgiam, ele pacientemente esperava, esperava e esperava até saber o momento certo de me desarmar e adentrar sem receio nenhum, sem pudor nenhum, até se instalar e declarar que de lá só sairia caso eu não o quisesse ali, e foi desse jeito que percebi que queria, queria que ali ele fizesse morada o tempo que fosse necessário, mas peço que seja não o tempo de passar um café, ou de uma velha canção de amor, mas o tempo de ser tempo. O tempo sem tempo, tão sem tempo que se torne, quem sabe, eterno.



 "Eu nunca vi ninguém fazer tanto barulho num só coração [...]
Quando vi, já veio sim, tomou parte de mim, 
levou embora o meu pesar. Teu ver me encanta, enfim. 
Canta perto de mim, tua voz amansa o teu olhar. "


Tayane Sabádo

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